O meu vizinho Tobias
caça dragões encarnados todas as manhãs. Em cima do cavalo feito do cabo da
vassoura gasta, dobra os joelhos e corre como se seguisse o vento. Sempre
que amanhece e o sol entra pela janela, desliza até ao jardim do
canteiro dos malmequeres e dos peixes vermelhos. As crinas do seu cavalo
fumegam e as patas peludas e finas estão prontas para a viagem. Sua majestade,
Tobias, ajeita o focinho do cavalo com ternura, a pena do chapéu e prepara a
caçada com ganas de rasar o relvado porque sabe que nos arbustos
redondinhos e verdes se escondem as criaturas selvagens e perigosas que
bufam ai e ui. Tobias ziguezagueia a espada afiada no ar e arrasta as mãos
pelo cabelo… – Ah! Que enorme guerreiro! O problema é que no jardim, perto da
macieira mágica, está sempre o Sr. Cristóvão, o jardineiro, e o gato
Trufas. E mesmo quando o Tobias se preparava para enfrentar a criatura mais
terrível, o mais gigante e perigoso dos dragões, esbarrou nos dois e levou um
safanão que o fez voar dali para fora. Quando aterrou no chão, 0 coração
mexeu-se de cansaço e o Tobias levantou-se com um ar amuado. O mais certo era
que não voltasse tão cedo ao jardim.
cristina néry
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