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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A rainha da barriga grande


Era uma vez um jardim que era como uma manta de retalhos de muitas cores. Aqui vivia a rainha da barriga grande. Numa noite em que não dormiu bem, sentou-se na cama de ferro gigante de cara para o ar. Fez força nos olhos - o corpo era grande, redondo, gigante! Só depois de fazer muita, muita força pode caminhar para o seu mini-palacete de banho. A banheira de espuma esperava-a. Aquele encontro matinal estava marcado todos os dias com um infinito cuidado: a luz do sol vinha bater em cheio na janela arqueada!
O reino estava lá fora. As noites deste reino da rainha da barriga grande eram maiores que os dias. Haviam poucas horas de luz e só quando o sol brilhava no céu, as criaturas saíam todas para a rua. Mas, a rainha da barriga grande, não. Tinha um manto rosa descomunal e usava uma coroa de esferas e diamantes onde pousavam os insectos voadores que lhe provocavam cócegas no cabelo. O reino não gostava da rainha porque ela tinha a barriga grande e não desfilava como uma rainha leve e elegante. Andava com os calcanhares levantados para parecer mais alta do que realmente era e dos vestidos aos folhos só lhe saíam pó e migalhas dos bolinhos de mel que gostava de comer a toda a hora. Nunca fora vista em lado nenhum. Mantinha-se só no palacete e pesava tanto que era capaz de não sair do lugar durante dias e dias a fio.
Uma noite, a rainha, furiosa e farta de não se poder mexer, empinou a barriga com tanta raiva que caiu da cama, rebolou pelo salão do palácio, saiu pela janela e acabou no fim das escadas a olhar para o céu. Naquela altura, rebentou um relâmpago gigante a noite iluminou-se e fez-se um dia glorioso. 
A partir de então, os habitantes do reino passaram a ter dias maiores que a noite e a rainha da barriga grande passou a vir sempre ao jardim receber o reino e o sol redondo e dourado que àquela hora acendia no céu escuro da cor dos bolinhos de mel.

cristina néry

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